Como a construção de uma colcha de retalhos, o Sesc, por meio do projeto Herança Nativa, foi reconstituindo, aos poucos, a identidade cultural e social do Ceará, reunindo os povos originários e, assim, revelando o Ceará para ele mesmo, através da difusão e valorização da sua identidade. Neste ano, o evento que reúne povos indígenas, ciganos, quilombolas, comunidades sertanejas e serranas completa 10 anos de uma grande troca cultural de saberes e práticas históricas.
O projeto acontece de 08 a 12 de novembro, no Sesc Iparana Hotel Ecológico, oferecendo ao público uma programação com rodas de conversas, vivências, trilhas, oficinas, apresentações artísticas, práticas alimentares, desfiles, feira de produtos artesanais e o Conversas Flutuantes, tudo gratuito.
Segundo o presidente do Sistema Fecomércio Ceará, Luiz Gastão, há um olhar atento do Sesc para a preservação das culturas cearenses, e o Herança Nativa, assim também como o Povos do Mar são a culminância das ações permanentes que o Sistema realiza ao longo do ano promovendo as tradições.
“É no sentido de valorizar nossas raízes e reconhecer nossos povos originários. É uma questão de pertencimento, só podemos nos fortalecer e evoluir enquanto sociedade se conhecermos nossas origens”, defende.
Visibilidade e reconhecimento
O Herança Nativa nasce como uma extensão do Encontro Sesc Povos do Mar, porém com o objetivo de “mostrar aspectos invisíveis, mas presentes”, como resume o consultor de programação social do Sesc, Paulo Leitão. Ele se refere aos povos indígenas de outras etnias, que se localizam longe do litoral e que sentiam a necessidade de serem vistos e reconhecidos.
Surge assim o Herança Nativa, nome dado pelos mestres da cultura Tremembé. “O Sesc começou, então, a fazer o mapeamento desses povos. No 1º ano o Herança aconteceu apenas com representantes dos povos indígenas, ao longo dos anos o trabalho foi aumentando e fomos incorporando os povos ciganos, quilombolas e representantes das serras e sertões”, conta, destacando que neste ano, o evento reunirá representantes de 75 municípios do Ceará.
Em 2023 o evento ganhou independência, não sendo mais um desdobramento do Povos do Mar. Paulo Leitão afirma que o trabalho da colcha de retalhos, unindo todas essas culturas e identidades dos povos originários continua, pois, cada território cearense possui suas influências e características próprias. “É o que chamamos de as redes dentro da rede, ou seja, uma conexão entre diversos territórios que ajuda a nos reconhecer e, assim, potencializar nossas tradições e costumes. Tudo isso fortalece nossa identidade e reverbera para o turismo e a economia”, analisa.
Abertura
A abertura do Herança acontece na sexta-feira, dia 08, a partir das 18h, com a apresentação do toré e torem dos povos indígenas. Em seguida, a partir das 21h, sobe ao palco a banda de forró Lagosta Bronzeada, com seus grandes sucessos.
Para conferir o show, é necessário adquirir o ingresso solidário por meio do Sympla. O valor será destinado ao Mesa Brasil, programa de segurança alimentar e nutricional do Sesc. Apenas o show de abertura será necessário ingresso, o restante da programação do evento será totalmente gratuito.
Destaques
As oficinas vão oferecer ao público muitas oportunidades de conhecer uma nova prática ou mesmo aperfeiçoar. O encontro de louceiros vai reunir vários artistas que trabalham com barro para uma grande oficina, cada um com suas técnicas e manejos. No Tudo que Fia, Trança e Tece, a intenção é valorizar o artesanato produzido com as mãos, abordando o tema tanto em mesa redonda quanto em oficinas. O Madeira Matriz também vai contar com várias oficinas com os talhadores de madeira.
Dentre as apresentações artísticas, haverá o encontro de rabequeiros e sapateadores, e o encontro de caretas dos municípios de Assaré, representando as cidades serranas e de Piquet Carneiro, representando os povos do Sertão.
Na Gastronomia, o Herança traz o porco assado, típico dos povos ciganos; a Casa de Tapioca, que será comandada pelos povos indígenas Jenipapo Kanindé, Anacés e Pitaguary; além do carneiro e do bode assados, trazidos pelos representantes do Sertão.
O Senac também participa, por meio das oficinas, com alunos e instrutores numa troca com os mestres de cada etnia, na produção de receitas ancestrais. O papel do Senac durante essa programação também é o de documentar essas receitas e processos culinários que muitas vezes são transmitidos apenas oralmente. “Assim valorizamos os saberes desses povos ao passo em que enriquecendo a formação de todos que participam”, explica a consultora de produtos educacionais na área de Gastronomia do Senac Ceará, Vanessa Santos.
Desfiles
O Senac também marca presença no Herança com a realização de 2 desfiles. Segundo a consultora de produtos de Moda do Senac Ceará, Daniele Caldas, um desfile será focado nos grupos de artesãos, utilizando diversas tipologias artesanais, como crochê, palha, renda de bilro, entre outros. Já o segundo desfile vai contemplar uma Mostra de Vestimentas Tradicionais e o artesanato dos povos indígenas e ciganos. Os looks serão construídos com a colaboração dos participantes de cada etnia e também serão desfilados por eles.
Para conferir a programação completa clique aqui.
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